O espanhol tem sido cada vez mais criticado e números mostram com clareza: após a Copa do Mundo de 2018 ele parece outro
Em 2018, poucos questionariam David De Gea como um dos melhores goleiros do mundo. O espanhol, aliás, era um dos únicos incontestáveis dentro de um irregular Manchester United – um dos últimos sobreviventes dos tempos de Alex Ferguson que seguia em ótimo nível. Era. Seguia. Hoje, a situação do arqueiro é bem diferente.
O momento de David De Gea está longe de ser bom. Na retomada do futebol inglês após a paralização por conta da pandemia da Covid-19, o camisa 1 foi bastante criticado pelo gol sofrido no empate por 1 a 1 contra o Tottenham – o arremate do holandês Steven Bergwijn, apesar de ter sido forte, foi em sua direção, mas a bola triscou nos braços encolhidos e terminou no fundo de suas redes.
Dias depois, Gary Neville, ídolo do United e antes entusiasta do goleiro, fez duras críticas ao seu desempenho: “Ele era o único em que se podia confiar durante os últimos quatro anos, mas não é mais o mesmo. Quando a forma diminui durante seis meses, é um problema; mas se continua assim durante um ano você deve ficar preocupado”, avaliou em seu podcast.
“Quando passa por mais de dois anos, aí é mais permanente. E está acontecendo algo assim com o De Gea, já que ele está cometendo muitos erros. Aqueles que ele nunca cometeria. Ele sempre foi confiável. Deve ser psicológico, os braços e pernas e o corpo seguem os mesmos. Ele foi mal no Mundial de 2018 e duvidou de si. Mentalmente ele não é mais o mesmo”, completou.
O diagnóstico é duro, mas também é verdadeiro.
Antes da Copa do Mundo realizada na Rússia, De Gea era considerado um dos melhores goleiros do mundo. Foi por isso que a falha impensável na estreia contra a seleção portuguesa, em um jogo épico que terminou em 3 a 3, surpreendeu. Cristiano Ronaldo chutou rasteiro e relativamente fraco, mas De Gea aceitou e os lusos fizeram o segundo gol da noite.
A forma do goleiro espanhol passou a ser motivo de debate durante toda aquela campanha – que terminaria nas oitavas de final. E falhas daquelas impensáveis passaram a ser cada vez mais constantes depois daquele Espanha 3x3 Portugal. Nem mesmo ter voltado ao Manchester United, sua casa desde 2011, ajudou. De Gea continuou protagonizando algumas defesaça e boas atuações? Sim. Mas erros crassos também ficaram cada vez mais constantes.
Números comprovam: De Gea falha mais
Segundo levantamento feito pela Goal Brasil junto à Opta Sports, considerando todos os jogos do goleiro em competições oficiais pelo Manchester United, existe um antes e depois do Mundial de 2018. Como se existissem dois De Geas diferentes.
Entre sua estreia, em 2011, até o último jogo oficial pelo United antes da Copa na Rússia, De Gea contabilizou 11 falhas consideráveis que resultaram em gols em 315 partidas (curiosidade: nenhuma delas no 2018 prévio ao Mundial). Após a turbulenta passagem espanhola pela Rússia, De Gea já soma 8 erros que resultaram em gols nas 80 vezes em que representou o United. O aumento é assustador.
Nesta quarta-feira (24), o Manchester venceu em sua casa um outro United, o Sheffield. Foi para lá que os Red Devils enviaram, por empréstimo, o jovem Dean Henderson.
Aos 23 anos, o goleiro inglês é um dos melhores de sua posição desta temporada de Premier League. Nas estatísticas, é quem chega mais perto de Alisson, provavelmente a maior referência do mundo no momento: tem o segundo melhor aproveitamento em defesas realizadas (75.9%) e ao lado de outros quatro arqueiros (o próprio Alisson, Ederson, Nick Pope e Kasper Schmeichel) tem o maior número de jogos sem sofrer gols.
Por razões contratuais, Dean não esteve em campo nesta quarta. Mas se De Gea não voltar à forma que tinha antes do Mundial de 2018, sabe que seus dias estarão contados sob as traves do Manchester.
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